Eu sou o pintor
Que vou pintando tudo e nada
Não tenho medo de escada,
Vou subindo até o céu molho na tinta,
O pincel e vou deixando novas cores
Aqui, ali, aqui, ali, aqui,
Hum! Mas eu não sou um bobaréu,
Pros meus cabelos não sujarem
Vejam só:
O jornal é meu chapéu
Eu sou o pintor
Que vou pintando tudo e nada
Nada, nada de mentiras,
Eu não gosto de mentiras
Só se for pra colorir... meu canto
Se vocês não saírem por aí fofocando
Posso contar um segredo:
Querem saber?
Vou contar depois, agora não,
Eu sou pintor...
Lembram aquele segredo, lembram?
Vou contar agora:
Fui eu quem pintou o azul do céu...
Todo mundo olhando lá em cima,
(lá em cimão mesmo)
Ninguém olhando, não é?
Também não vou falar
O que tem lá em cimão
Não adianta, não adianta... tá bom
Vai então vamos usar o pensamento.
Imaginar bem longe...
Imaginar que é noite,
E lá na noite uma estrela
Lá mais longe outra estrela...
E quem é aquele que está lá
Entre uma estrela e outra?
Sou eu “Vai cair daí, hrm, eu...” é, é.
Com eu mesmo que estou falando...
Quer dizer, com você, seu Pintor,
Eu sei que é maravilhoso, sim,
Estar neste céu estrelado
Mas a escada está balançando pra lá,
E pra cá.
Pintor, como você vê, a terra está bonita...
E o pensamento dos homens?
E as crianças estão pensando coisas bonitas?
Não suba mais, não...
O cometa vai te pegar... vai sim,
E a escada está balançando pra lá e pra cá
Volta, seu Pintor.
Feche os olhos, senão pode cair tintas...
Vou abrir os olhos
Pode abrir os olhos? Pode abrir os olhos?
Pensamento tem olho ou não tem olho?
Não sei... Tem olho sim! Estávamos vendo...
Volta seu Pintor, vou cantar pra você voltar,
Volta, volta, volta...
Com carinha sem graça,
Mas está voltando, voltando,
Somos nós pintando no azul do céu.